quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Tropicalismo e Concretismo





Tropicalismo








A Tropicália, Tropicalismo ou Movimento tropicalista foi um movimento cultural brasileiro que surgiu sob a influência das correntes artísticas de vanguarda e da cultura pop nacional e estrangeira (como o pop-rock e a concretismo); mesclou manifestações tradicionais da cultura brasileira a inovações estéticas radicais. Tinha também objetivos sociais e políticos, mas principalmente comportamentais, que encontraram eco em boa parte da sociedade, sob o regime militar, no final da década de 1960. O movimento manifestou-se principalmente na música (cujos maiores representantes foram Caetano Veloso, Torquato Neto, Gilberto Gil, Os Mutantes e Tom Zé); manifestações artísticas diversas, como as artes plásticas (destaque para a figura de Hélio Oiticica), o cinema (o movimento sofreu influências e influenciou o Cinema novo de Gláuber Rocha) e o teatro brasileiro (sobretudo nas peças anárquicas de José Celso Martinez Corrêa).
Um dos maiores exemplos do movimento tropicalista foi uma das canções de Caetano Veloso, denominada exatamente de "Tropicália".
O começo do Tropicalismo
O movimento surge da união de uma série de artistas baianos, no contexto do Festival de Música Popular Brasileira promovidos pela Rede Record, em São Paulo e Globo, no Rio de Janeiro.
Um momento crucial para a definição da Tropicália foi o Festival de Música Popular Brasileira, no qual Caetano Veloso interpretou "Alegria, Alegria" e Gilberto Gil, ao lado dos Mutantes, "Domingo no Parque". No ano seguinte, o festival foi integralmente considerado tropicalista (Tom Zé aí apresentou a canção "São Paulo"). No mesmo ano foi lançado o disco Tropicália ou panis et circensis, considerado quase como um manifesto do grupo.
Influências: movimento antropofágico, pop art, concretismo
Antropofagia
Grande parte do ideário do movimento possui algum tipo de relação com as propostas que, durante as décadas de 1920 e 30, os artistas ligados ao Movimento antropofágico promoviam (Mário de Andrade, Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade, Anita Malfatti, entre outros): são especialmente coincidentes as propostas de digerir a cultura exportada pelas potências culturais (como a Europa e os EUA) e regurgitá-la após a mesma ser mesclada com a cultura popular e a identidade nacionais (que em ambos os momentos não estava definida, sendo que parte das duas propostas era precisamente definir a cultura nacional como algo heterogêneo e repleto de diversidade, cuja identidade é marcada por uma não identidade mas ainda assim bastante rica). A obra PanAmérica, de José Agrippino de Paula, foi a inspiração literária para o tropicalismo.
Pop art
A grande diferença entre as duas propostas (a antropofágica e a tropicalista) é que a primeira estava interessada na digestão da cultura erudita que estava sendo exportada, enquanto os tropicalistas incorporavam todo tipo de referencial estético, seja erudito ou popular. Acrescente-se a isso uma novidade: a incorporção de uma cultura não necessariamente popular, mas pop). O movimento, neste sentido, foi bastante influenciado pela estética da pop art e reflete no Brasil algumas das discussões de artistas pop (como Andy Warhol).
Concretismo
Ainda que tenha sido bastante influenciado por movimentos artísticos que costumam estar associados à idéia de vanguarda negativa, o Tropicalismo também manifestou-se como um desdobramento do Concretismo da década de 1950 (especialmente da Poesia concreta). A preocupação dos tropicalistas em tratar a poesia das canções como elemento plástico, criando jogos lingüísticos e brincadeiras com as palavras é um reflexo do Concretismo.




Críticas
Embora marcante, o Tropicalismo era visto por seus adversários como um movimento vago e sem comprometimento político, comum à época em que diversos artistas lançaram canções abertamente críticas à ditadura. De fato, os artistas tropicalistas fazem questão de ressaltar que não estavam interessados em promover através de suas músicas referências temáticas a temas político-ideológicos: acreditavam que a experiência estética vale por si mesma e ela própria já é um instrumento de mudança social.
Durante a década de 1960, delinearam-se na música popular brasileira três grandes tendências:
a primeira era composta por artistas que herdaram a experiência da Bossa Nova (ou seus próprios representantes), e compunham uma música que estabelecia relações com o samba e o jazz (grupo no qual pode-se inserir a figura de Chico Buarque);
um segundo grupo reunido sob o título "Canção de Protesto", que em geral estava pouco interessado em discutir a música propriamente dita mas fazer da canção um instrumento de crítica política e social (neste grupo destaca-se a figura de Geraldo Vandré);
e finalmente havia um terceiro grupo, especialmente dedicado a promover experimentações e inovações estéticas na música formado justamente pelos artistas tropicalistas.
Diversos artistas eram comuns a estas três correntes simultaneamente, mas o estilo dessas correntes eram distintos e tinham características próprias e delimitadas.
Dado o caráter repressivo do período, a intelectualidade da época (e principalmente determinadas fatias da juventude universitária ligadas ao movimento estudantil) tendiam a rejeitar a proposta tropicalista, considerando seus representantes alienados. Apenas décadas mais tarde, quando o movimento já havia se esvaziado, ele passou a ser efetivamente compreendido e deixou de ser tão menosprezado.
Nomes ligados à Tropicália
Os principais representantes do movimento foram:
Caetano Veloso
Capinam
Gal Costa
Gilberto Gil
Glauber Rocha
Guilherme Araújo
Jorge Ben
Jorge Mautner
Júlio Medaglia
Lanny Gordin
Maria Bethânia
Os Mutantes (Arnaldo Baptista, Sérgio Dias e Rita Lee)
Rogério Duarte
Rogério Duprat
Tom Zé
Torquato Neto




Concretismo


Concretismo é um movimento vanguardista surgido em 1950, inicialmente na música e depois passando para a poesia e artes plásticas.
Defendia a racionalidade e rejeitava o expressionismo, o acaso, a abstração lírica e aleatória. Nas obras surgidas no movimento, não há intimismo nem preocupação com o tema, seu intuito é acabar com a distinção entre forma e conteúdo e criar uma nova linguagem.
Durante a década de 1960, poetas e músicos do movimento passam a se envolver em temas sociais, geralmente sem influência na obra, sendo somente uma ligação pessoal. As obras passam a ser mais e mais preocupadas com a inovação da linguagem. A poesia concreta tem em Vladimir Mayakovsky um grande expoente; o poeta russo afirmava que não há arte revolucionária sem forma revolucionária.
Foi a mais importante corrente de vanguarda (movimentos de caráter agressivo e experimental que rompiam os padrões da arte tradicional) da nossa literatura e influenciou poetas, artistas plásticos e músicos.Esse movimento começou em 1956 e foi liderado por três poetas: Décio Pignatari e os irmãos Augusto e Haroldo de Campos.Duas revistas ajudaram a divulgar as idéias concretistas: “Noigandres” (criada pelos poetas citados acima) e a revista “Inovação”.Os poetas concretos pregavam: o fim da poesia intimista e o desaparecimento do eu-lírico (acreditavam que a poesia é fruto de um trabalho mental e de esforço que implica em refazer o texto várias vezes até que ele atinja a sua forma mais adequada; e não, fruto de sentimentos e emoções), a linguagem geométrica e visual, pregavam o fim do verso e da sintaxe tradicional.Brincavam com as formas, cores, decomposição e montagem das palavras. Para conseguir tais efeitos, recorreram ao Futurismo (destruição da sintaxe, verbos no infinitivo, abolição de adjetivos e advérbios, abolição dos sinais de pontuação, estes seriam substituídos pelos sinais matemáticos e musicais, etc) e ao Cubismo (ilogismo, humor, linguagem nominal, etc) e deram continuidade a certas experiências formais usadas por Murilo Mendes, Drummond e João Cabral de Melo Neto.



Concretismo no Brasil
O concretismo brasileiro, cujas propostas e invenções foram divulgadas a partir de 1952 pela revista-livro Noigandres firmou-se nos anos seguintes como movimento ativo e influente. Era uma fase de intensa industrialização no país, à qual suas propostas correspondiam. O movimento lançou-se oficialmente com a I Exposição Nacional de Arte Concreta, realizada em 1956 no Museu de Arte Moderna de São Paulo. Além dos três poetas de São Paulo que haviam iniciado o movimento, os irmãos Augusto e Haroldo de Campos e Décio Pignatari, participaram do evento alguns poetas do Rio que aderiram ao grupo, como Ferreira Gullar e Vlademir Dias Pino. Entre os artistas plásticos, o concretismo já contava a essa altura com a adesão de Hélio Oiticica, Lígia Clark, Ivan Serpa, Franz Josef Weissmann e Aluísio Rodrigues Carvão, entre muitos outros. Dissidentes do grupo paulista, encabeçados por Ferreira Gullar e Reinaldo Jardim, organizaram-se como neoconcretos no Rio de Janeiro, em 1957, admitindo a presença de elementos subjetivos na estruturação do poema e fazendo do Suplemento Dominical do Jornal do Brasil seu porta-voz. Aos dois poetas reuniram-se em 1959, na Exposição de Arte Neoconcreta no Museu de Arte Moderna do Rio, os artistas Amílcar de Castro, Franz Weissmann, Lígia Clark, Lígia Pape e Theon Spanudis.